Uma intervenção foi realizada nesta segunda-feira, 06/07, em frente ao hospital, em repúdio ao assédio moral. Trabalhadores temem retaliações pelo ISGH, gestor da unidade, após denúncias de falta e uso inadequado de EPIs no hospital durante pandemia. O assunto será debatido nesta terça-feira, 07/07, em sessão virtual da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, com a participação da presidente do Sindsaúde, Marta Brandão.
As dirigentes do Sindsaúde na região do Cariri, Márcia Vieira, Teresinha Batista, Damião Teles, Rita de Cássia, Adriana Tavares e Vera Lúcia Ferreira realizaram na manhã desta segunda-feira, 06/07, uma intervenção em frente ao Hospital Regional do Cariri. O ato ganhou repercussão na imprensa, com cobertura da mídia. O objetivo foi chamar a atenção da população para a perseguição que vem sendo sofrida por trabalhadores da saúde do nível médio desta unidade de saúde. No último dia 29, a técnica de enfermagem Juliana Dias, que trabalhou por sete anos no Hospital Regional do Cariri, foi demitida em meio à pandemia do novo Coronavírus. Nesta mesma data, Juliana pediu esclarecimentos à gestão sobre a negligência no atendimento a uma paciente que chegou grave pelo Samu. A paciente teria sido deixada de lado mesmo estando com muita secreção e com o pulso muito baixo após uma parada cardio-respiratória.
A trabalhadora também vinha cobrando em grupos de aplicativos de mensagens os equipamentos de proteção adequados e em quantidade suficiente para a realização dos atendimentos de forma mais segura.
Depois que as denúncias ganharam repercussão na mídia, através do Sindsaúde Ceará, Juliana conta que aumentou a pressão contra as equipes de enfermagem para que aceitassem as condições precárias de trabalho em silêncio. Como os trabalhadores desta unidade de saúde ingressaram por seleção pública e são geridos pelo ISGH, eles não contam com a estabilidade dos servidores públicos.
Em repúdio à perseguição aos trabalhadores, o Sindsaúde está ingressando com ação pedindo indenização por considerar a demissão de Juliana discriminatória.
Desde que se intensificou o combate ao novo Coronavírus no Ceará, o Sindsaúde tem encaminhado várias denúncias ao Ministério Público do Trabalho, MPT. No caso do Hospital Regional do Cariri, foram várias denúncias, desde a falta de testagem entre profissionais até a falta e uso inadequado de EPIs. Os profissionais estariam sendo obrigados a usar a mesma máscara, N95, por um período de até um mês. Além disso, por conta da falta de capotes descartáveis, técnicos e auxiliares estavam usando capas plásticas quentes e desconfortáveis, que, além de machucar a pele, estariam causando desidratação em profissionais durante procedimentos que exigem mais esforço em contato com os pacientes contaminados ou com suspeita de Covid-19.
Em resposta, o MPT recomendou ao hospital que apresentasse um Plano de Contenção para redução da exposição dos trabalhadores a situações de risco. Entre as medidas a serem adotadas, estavam a realização de testes em pacientes e trabalhadores. O hospital teria que comprovar o cumprimento da NR 06, com o fornecimento de equipamentos de segurança individual adequados e suficientes aos profissionais de saúde em exercício no Hospital Regional do Cariri, atendendo Nota Técnica do COFEN.
“É fundamental que a população seja solidária aos trabalhadores da saúde, que além de serem expostos ao risco da doença, ainda sofrem pressão para sofrerem calados. Esses trabalhadores precisam é de valorização e não de assédio moral. Vamos seguir sendo a voz em defesa desses profissionais, que estão corajosamente atuando na assistência da população nesse momento de pandemia” – afirmou Marta Brandão, presidente do Sindsaúde Ceará.